Simulado Ministério Público do Estado de Pernambuco - MP/PE | Técnico Ministerial - Administrativa | 2019 pre-edital | Questão 75

Língua Portuguesa / Vozes do verbo


Em um trabalho de Gilles Lipovetsky e Jean Serroy, defende-se a ideia de que em nossos dias há o enaltecimento de uma
cultura global, a cultura-mundo, que, apoiando-se no apagamento das fronteiras, cria denominadores culturais dos quais participam
sociedades e indivíduos, apesar das diferentes tradições, crenças e línguas que lhes são próprias.
Embora seja um estudo perspicaz, algumas afirmações me parecem discutíveis. Uma que se diria pouco procedente consiste
em supor-se que, em vista de milhões de turistas visitarem locais como a Acrópole e os anfiteatros gregos da Sicília, a cultura não
perdeu valor em nosso tempo. Mas as visitas de multidões a grandes museus e monumentos históricos não representam um interesse
genuíno pela “alta cultura” (assim a chamam), visto que isso faz parte da obrigação do turista. Em vez de despertar seu interesse pelo
passado e pela arte, exonera-o de conhecê-los a fundo. Essas visitas dos turistas “em busca de distrações” desnaturam o significado
real desses museus e monumentos.
Um estudo recente do sociólogo Frédéric Martel mostra que tal “cultura-mundo” de que falavam Lipovetsky e Serroy já ficou
para trás, defasada pela voragem de nosso tempo.
As reportagens e os testemunhos coligidos por Martel são representativos de uma realidade que a sociologia e a filosofia ainda
não tinham se atrevido a reconhecer. A maioria das pessoas não consome hoje outra forma de cultura que não seja aquela que,
antes, era considerada passatempo, sem parentesco com as atividades intelectuais e artísticas que constituíam a cultura. O autor vê
com simpatia essa transformação, porque, graças a ela, a cultura do grande público arrebatou a vida cultural à pequena minoria, que
antes a monopolizava.
A diferença essencial entre a cultura do passado e o entretenimento de hoje é que os produtos daquela pretendiam
transcender o tempo presente, ao passo que os produtos deste são fabricados para serem consumidos no momento e desaparecer.
Para essa nova cultura são essenciais a produção industrial maciça e o sucesso comercial. A distinção entre preço e valor se
apagou. É bom o que tem sucesso; mau o que não conquista o público. O único valor existente é agora o fixado pelo mercado. (Adaptado de: LLOSA, Mario Vargas. A civilização do espetáculo: Uma radiografia do nosso tempo e da nossa cultura. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2012. Edição digital)

Essas visitas dos turistas “em busca de distrações” desnaturam o significado real desses museus e monumentos. (2º parágrafo)



Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma verbal resultante será:

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Fonte: ANALISTA JUDICIáRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA / TRT 6ª / 2018 / FCC