Simulado Defensoria Pública da União - DPU | Arquivista | 2019 pre-edital | Questão 308

Língua Portuguesa / Sintaxe da oração e do período


“Absorvia-a no leite preto que me amamentou; ela
envolveu-me como uma carícia muda toda a minha infância”,
escreveu Joaquim Nabuco sobre a escravidão que conheceu
como menino, em um engenho pernambucano. “Por felicidade
da minha hora, eu trazia da infância e da adolescência o
interesse, a compaixão, o sentimento pelo escravo — o bolbo
que devia dar a única flor da minha carreira”. Não há quem não
se arrepie ao ler como o jovem Nabuco descobriu que a tepidez
do que parecia a ordem natural das coisas, de menino mimado
pelas mucamas, era na verdade brutal e amarga. Era menino
ainda, estava sentado no patamar da escada superior da casa
onde havia sido criado pela madrinha, quando surgiu um jovem
de corpo castigado. Lançando-se a seus pés, o escravo pediu
que fosse comprado, salvando-o, assim, do senhor que o
supliciava. “Foi este o traço inesperado que me descobriu a
natureza da instituição, com a qual eu vivera até então
familiarmente, sem suspeitar a dor que ela ocultava”, descreveu
Nabuco. Nasceram ali as sementes que o levaram a, mais tarde,
autodesignar-se representante do “mandato do escravo”,
explicado com palavras de impressionante contemporaneidade:
“Delegação inconsciente da parte dos que a fazem, interpretada
pelos que a aceitam como um mandato a que não se pode
renunciar”.
À luz da história no que tem de mais estéril — a
entediante versão mil vezes repetida do 13 de maio e seus
antecedentes —, é difícil reproduzir a força avassaladora que
o movimento contra a escravidão despertou em todo o país. O
que o Brasil teve de pior — o comércio, a servidão, a
exploração e a indizível violência mil vezes cometida contra
seres humanos — gerou o que o Brasil de melhor conseguiu
oferecer, sob a forma da luta abolicionista. Foi uma história de
homens tomados de paixão por uma causa justa e, entre eles,
nenhum mais apaixonado do que o jovem pernambucano de
família ilustre, pai, avô e bisavô senadores do Império, com
muito berço e quase nenhum dinheiro, que se tornou o que de
mais parecido poderia existir no século XIX com uma
celebridade ao estilo contemporâneo, aclamado, paparicado e
adorado. Vilma Gryzinski. Herói nacional, para sempre.
Internet: veja.abril.com.br (com adaptações).

Assinale a opção correta acerca das estruturas linguísticas do texto.

Voltar à pagina de tópicos Próxima

Fonte: ANALISTA EM GESTãO ADMINISTRATIVA - CONTADOR / SAD/PE / 2010 / CESPE_ME