Simulado Polícia Civil do Ceará - PCCE | Escrivão de Polícia | 2019 pre-edital | Questão 223

Língua Portuguesa / Classes de palavras / Substantivo, adjetivo, advérbio


Ortotanásia e eutanásia O que é a vida, afinal? É simplesmente um conjunto de rea-
ções bioquímicas? Ou algo maior, sagrado e eterno? A nossa per-
plexidade diante desse tema tão polêmico, que é a eutanásia, ad-
vém das incertezas que cercam o sentido da existência humana.
Sou oncologista e imunologista. Faz 28 anos que busco mais
vida com qualidade para os pacientes com câncer e portadores
de Aids com câncer. Os pacientes que já na primeira consulta
me dizem que querem morrer antes de tentar os tratamentos são
exceções. Mas existem. Todos os pacientes, tanto os que querem
enfrentar tratamentos antes de morrer como os que não querem,
têm um elemento comum, que é a falta de esperança, a depressão
e o medo do sofrimento. Independentemente das novas e eficien-
tes técnicas de tratamento, há instantes em que se perde a batalha
contra as doenças. É então que uma pergunta se faz necessária:
até quando é lícito prolongar com medidas artificiais a manuten-
ção da vida vegetativa? Existe grande confusão entre os diversos
tipos de eutanásia – ou boa morte. Uma é a eutanásia ativa, na
qual o médico ou alguém causa ativamente a morte do indivíduo.
Ela é proibida por lei no Brasil, mas é prática regulamentada, em
alguns outros países, como Holanda e Dinamarca.
Em um outro extremo, há a distanásia que, segundo o es-
pecialista em bioética padre Leo Pessini, “é um procedimento
médico que prolonga inútil e sofridamente o processo de morrer
procurando distanciar a morte”. Sou contra a distanásia. E como
seria a verdadeira boa morte? Creio que é aquela denominada
morte assistida que prefiro denominar de ortotanásia. É cuidar
dos sintomas sem recorrer a medidas intervencionistas de su-
porte em quadros irreversíveis. É respeitar o descanso merecido
do corpo, o momento da limpeza da caixa preta de mágoas e
rancores; é a hora de dizer coisas boas, os agradecimentos que
não fizemos antes. É a hora da despedida e da partida. Então, tal-
vez possamos acreditar no escritor Jorge Luis Borges: “Morrer é
como uma curva na estrada, é não ser visto”. (Nise Hitomi Yamaguchi, doutora pela Faculdade de Medicina da USP. Folha
de S.Paulo, Tendências/Debates, 26 de março de 2005. Adaptado)

Assinale a alternativa em que a palavra em destaque na
frase pertence à classe dos adjetivos (palavra que qualifica
um substantivo).

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Fonte: ATENDENTE DE NECROTéRIO / Polícia Civil/SP / 2014 / VUNESP