Simulado Secretaria de Educação de SP (SEED/SP) | Analista de Tecnologia - TI | 2019 pre-edital | Questão 45

Língua Portuguesa / Classes de palavras / Substantivo, Adjetivo e Advérbio


O Haiti é aqui
A chegada, vá lá, maciça, de haitianos ao Brasil é uma ótima
oportunidade para refletir sobre o que transforma grupos de pes-
soas em povos. E a nossa reação à, vá lá, invasão é uma medida
insofismável de nossa generosidade.
A discussão sobre o que constitui um povo não é nova e
permeou parte do século 19. A contraposição básica é entre o
jus sanguinis
(direito de sangue), pelo qual a nacionalidade de
um indivíduo é dada por sua ascendência, e o jus soli (direito de
solo), pelo qual ela decorre do local de nascimento ou, de modo
um pouco mais fraco, do lugar que a pessoa escolheu para habitar.
Mais do que uma minudência jurídica, a distinção traz consigo
duas visões de mundo antagônicas.
Como regra geral, a maioria dos países europeus adotava o
jus sanguinis. Nesse caso, é o passado comum, consubstanciado
em categorias como sangue, raça e língua, que forja uma nação.
A nacionalidade se torna, portanto, um atributo imutável do
indivíduo. Essa concepção encontra amparo nos textos de pensa-
dores românticos, notadamente o alemão Johann Gottlieb Fichte
(1762-1814).
Menos essencialista e, por isso mesmo, mais democrático, o
jus soli encontrou seu maior advogado no filósofo francês Ernest
Renan (1823-1892), que escreveu em meio à disputa entre a
França e a Alemanha pelo controle da Alsácia-Lorena. Para ele,
o que definia um povo era a vontade das pessoas de construir um
futuro juntas. A existência de uma nação, dizia, era um “plebiscito
diário” e envolvia “ter feito coisas grandes juntos e querer fazer
ainda mais”. Não é coincidência que quase todos os países do
Novo Mundo tenham adotado o jus soli.
Assim, restringir a concessão de vistos a haitianos, como
parece querer parte do governo, é uma ideia que vai contra o
espírito que presidiu a própria criação do Brasil. ( Folha de S.Paulo, 14.01.2012. Adaptado)

O termo Assim, que inicia o último parágrafo, tem valor

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Fonte: ANALISTA ADMINISTRATIVO / IAMSPE / 2012 / VUNESP