Simulado Secretaria de Portos - SEP/PR | Agente Administrativo | 2019 pre-edital | Questão 59

Língua Portuguesa / Domínio da estrutura morfossintática do período / Colocação dos pronomes átonos


Cora Coralina, de Goiás Este nome não inventei, existe mesmo, é de uma mulher
que vive em Goiás: Cora Coralina.
Cora Coralina, tão gostoso pronunciar este nome, que
começa aberto em rosa e depois desliza pelas entranhas do
mar, surdinando música de sereias antigas e de Dona Janaína
moderna.
Na estrada que é Cora Coralina passam o Brasil velho e
o atual, passam as crianças e os miseráveis de hoje. O verso é
simples, mas abrange a realidade vária. Escutemos: “Vive
dentro de mim / uma cabocla velha / de mau olhado, / acocora-
da ao pé do borralho, / olhando pra o fogo.” “Vive dentro de mim
/ a lavadeira do rio Vermelho. / Seu cheiro gostoso d'água e
sabão.” “Vive dentro de mim / a mulher cozinheira. / Pimenta e
cebola. / Quitute bem feito.” “Vive dentro de mim / a mulher
proletária. / Bem linguaruda, / desabusada, sem preconceitos.”
“Vive dentro de mim / a mulher da vida. / Minha irmãzinha... /
tão desprezada, / tão murmurada...”
Todas as vidas. E Cora Coralina as celebra com o
mesmo sentimento de quem abençoa a vida. Ela se coloca junto
aos humildes, defende-os com espontânea opção, exalta-os,
venera-os. Sua consciência humanitária não é menor do que a
sua consciência da natureza.
Assim é Cora Coralina − um ser geral, “coração inume-
rável”, oferecido a estes seres que são outros tantos motivos de
sua poesia: o menor abandonado, o pequeno delinquente, o
presidiário, a mulher-da-vida. Voltando-se para o cenário goia-
no, tem poemas sobre a enxada, o pouso das boiadas, o trem
de gado, os becos e sobrados, o prato azul-pombinho, último
restante de majestoso aparelho de 92 peças, orgulho extinto da
família.
Cora Coralina, um admirável brasileiro. Ela mesma se
define: “Mulher sertaneja, livre, turbulenta, cultivadamente rude.
Inserida na gleba. Mulher terra. Nos meus reservatórios secre-
tos um vago sentido de analfabetismo.” Opõe à morte “aleluias
festivas e os sinos alegres da Ressurreição. Doceira fui e gosto
de ter sido. Mulher operária”.
Cora Coralina: gosto muito deste nome, que me invoca,
me bouleversa, me hipnotiza, como no verso de Bandeira. (Adaptado de: Carlos Drummond de Andrade. Publicado original-
mente no Jornal do Brasil. Cad. B, 27.12.80. Cora Coralina. Vin-
tém de cobre: meias confissões de Aninha. 8. ed. S.Paulo:
Global, 2001. p. 8-11)

tão gostoso pronunciar este nome – sentimento de quem abençoa a vida – Opõe à morte aleluias festivas

A substituição dos elementos grifados acima pelos pronomes correspondentes, com os necessários ajustes, foi realizada corretamente em:

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Fonte: ANALISTA JUDICIáRIO - ÁREA JUDICIáRIA / TRT 18ª / 2013 / FCC