Simulado Secretaria de Portos - SEP/PR | Agente Administrativo | 2019 pre-edital | Questão 70

Língua Portuguesa / Domínio da estrutura morfossintática do período / Emprego do sinal indicativo de crase


Embora as maiores instituições humanas se alienem, ou
enxovalhem, resta-nos sempre uma, tão nova nos lábios de
Gladstone como nos de Péricles: a instituição divina da palavra,
capaz só por só de reconquistar todas as outras, quando
associada à misteriosa onipotência da verdade. Tiraram-lhe a
majestade da tribuna, pela qual os parlamentos governam. Mas
ficou-lhe a imprensa, que se impõe aos governos, domina os
parlamentos, e instrui os povos. Considerada como órgão desta
função, avulta incomparável, no mundo moderno, a sua gran-
deza. E é assim que a consideramos, que o seu prestígio nos
fascina, que a sua beleza nos deslumbra, que a sua missão nos
atrai, que as temeridades, os sacrifícios, os perigos da sua
comunhão nos acenam, ainda hoje, com uma sedução diversa,
mas às vezes não menos viva que a de vinte e sete anos atrás,
quando o jornalismo arrebatou pela primeira vez no seu tor-
velinho a nossa mocidade.
Cada país, cada raça, cada estado social, cada época
tem a sua imprensa, e, na mesma época, o Proteu reveste, para
cada ambição, para cada parcialidade, para cada tendência,
para cada apostolado, a sua forma, atenuada, ou típica, vivaz,
ou decadente, confessa, ou dissimulada. As grandes nações
coevas poderiam caracterizar-se cada qual pelo caráter do seu
jornalismo. Mas através das variedades que o diversificam, das
especialidades, que o enriquecem, das excentricidades que o
desnaturam, a origem do seu valor, do seu poderio, da sua re-
sistência indestrutível está na transparência luminosa da sua
ação sobre a sociedade, na sua correspondência com os sofri-
mentos populares, na sua solidariedade com as reivindicações
do direito, na irreconciliabilidade da sua existência com a da
ignorância, a da mentira, a da torpeza.

Obs.: Proteu − um deus do mar, capaz de se metamorfosear
em todas as formas que desejasse, fossem animais ou
quaisquer outros elementos, como água ou fogo.

Ortografia atualizada segundo as normas vigentes. (Rui Barbosa. Campanhas jornalísticas. 4. ed. São Paulo:
Edigraf, 1972. p. 138-139)

... quando associada à misteriosa onipotência da verdade. (1º parágrafo)

Mantém-se corretamente o à − com o sinal indicativo de crase − se o segmento grifado for substituído por:

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Fonte: ANALISTA JUDICIáRIO - ARQUIVOLOGIA / TRT 5ª / 2013 / FCC