Simulado Secretaria de Portos - SEP/PR | Agente Administrativo | 2019 pre-edital | Questão 91

Língua Portuguesa / Domínio dos mecanismos de coesão textual / Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de conectores e outros elementos de sequenciação textual


Muito antes de Einstein contestar a ideia de tempo abso-
luto, muitas culturas do passado intuíam que, nessa matéria,
tudo é relativo. A maré segue o relógio da lua. A noite traz o dia,
mas depois se seguirá outra noite. Uma estação do ano é
substituída por outra. Depois da lua cheia virá a lua nova. Tudo
se renova. Repetidamente.
A ideia de que o tempo tem uma direção, é irreversível, e
caminha em linha reta não era uma unanimidade – tampouco
uma obviedade. As marés, os solstícios, as estações, a
movimentação dos astros no céu e o próprio comportamento
biológico (o ciclo menstrual, as etapas de amadurecimento do
corpo) fizeram muitos povos da Antiguidade sentir o tempo em
termos de ritmos orgânicos, como se sua natureza fosse
circular e repetitiva.
Os maias achavam que a história se repetiria a cada 260
anos. Esse período recebia o nome de lamat, após o qual o
primeiro dia voltaria a acontecer. Os estoicos achavam que,
toda vez que os planetas se alinhassem, retomando a mesma
posição que ocupavam no início dos tempos, o Cosmo seria
recriado. Não é por acaso que toda a trama de uma típica peça
de teatro grego se resolvia num único dia – o tempo repre-
sentado se fecha sobre si mesmo, ao encerrar um ciclo de
representação.
Antes do Cristianismo, só os hebreus e os persas
zoroastrianos adotavam a percepção progressiva do tempo. A
crença no nascimento, morte e ressurreição de Cristo como
fatos únicos, que não se repetiriam, foram se incorporando ao
cotidiano ocidental com a popularização da Igreja. Aos poucos,
as culturas que residualmente cultuavam um eterno retorno
passaram a considerar que o tempo se movimenta de um
passado para um futuro.
Uma outra sensação passava a dominar. A linguagem
preservou tais sensações culturais em torno do tempo. Muitas
palavras que indicam duração tinham outros sentidos antes do
tempo linear ganhar relevância cultural no Ocidente. Mar vem
do latim mare ou maris. Vento vem de ventus, respiração dos
mares e de toda a terra. Da costa que banhou o latim e o grego
estalaram ondas e ventanias de palavras, ecos da importância
do oceano e dos ventos no cotidiano greco-latino. Assim, a
palavra oportunidade, variante do latim opportunus, que
significava em direção ao porto. São, de fato, oportunos os
ventos que nos levam a bom porto. Em latim pré-clássico, essa
palavra nomeava os ventos mediterrâneos que enfunavam as
velas dos barcos. (Luiz Costa Pereira Junior. Língua Portuguesa Especial.
Etimologia. São Paulo: Segmento, ano I, janeiro 2006,
p. 38 e 39, com adaptações)

O segmento grifado nas expressões abaixo está corretamente substituído pelo pronome correspondente em:

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Fonte: TéCNICO LEGISLATIVO / Assembleia Legislativa/RN / 2013 / FCC