Simulado Polícia Civil de São Paulo - PCSP | Escrivão de Polícia | 2019 pre-edital | Questão 21

Língua Portuguesa / Leitura e interpretação de diversos tipos de textos (literários e não literários)


Ai, Gramática. Ai, vida. O que a gente deve aos professores!
Este pouco de gramática que eu sei, por exemplo, foram
Dona Maria de Lourdes e Dona Nair Freitas que me ensina-
ram. E vocês querem coisa mais importante do que gramá-
tica? La grammaire qui sait régenter jusqu’aux rois – dizia
Molière: a gramática que sabe reger até os reis, e
Montaigne: La plus part des ocasions des troubles du monde
sont grammairiens – a maior parte de confusão no mundo
vem da gramática.
Há quem discorde. Oscar Wilde, por exemplo, dizia de
George Moore: escreveu excelente inglês, até que desco-
briu a gramática. (A propósito, de onde é que eu tirei tan-
tas citações? Simples: tenho em minha biblioteca três livros
con tendo exclusivamente citações. Para enfeitar uma crôni-
ca, não tem coisa melhor. Pena que os livros são em inglês.
Aliás, inglês eu não aprendi na escola. Foi lendo as revistas
MAD e outras que vocês podem imaginar).
Discordâncias à parte, gramática é um negócio importan-
te e gramática se ensina na escola – mas quem, professoras,
nos ensina a viver? Porque, como dizia o Irmão Lourenço, no
schola sed vita – é preciso aprender não para a escola, mas
para a vida.
Ora, dirão os professores, vida é gramática. De acordo.
Vou até mais longe: vida é pontuação. A vida de uma pessoa
é balizada por sinais ortográficos. Podemos acompanhar a
vida de uma criatura, do nascimento ao túmulo, marcando as
diferentes etapas por sinais de pontuação.
Infância: a permanente exclamação:
Nasceu! É um menino! Que grande! E como chora! Claro,
quem não chora não mama!
Me dá! É meu!
Ovo! Uva! Ivo viu o ovo! Ivo viu a uva! O ovo viu a uva!
Olha como o vovô está quietinho, mamãe!
Ele não se mexe, mamãe! Ele nem fala, mamãe!
Ama com fé e orgulho a terra em que nasceste! Criança
– não verás nenhum país como este!
Dá agora! Dá agora, se tu és homem! Dá agora, quero
ver! (Moacyr Scliar. Minha mãe não dorme enquanto
eu não chegar, 1996. Adaptado)

O que Oscar Wilde afirma acerca de George Moore –
escreveu excelente inglês, até que descobriu a gramática
– significa que

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Fonte: ESCREVENTE TéCNICO JUDICIáRIO (INTERIOR) / TJ/SP / 2018 / VUNESP