Simulado Tribunal Regional Federal - 2ª Região | Analista Judiciário - Área: Administrativa | 2019 pre-edital | Questão 421

Português / Homônimos e parônimos


Meu avô Costa Ribeiro morava na Rua da União, bairro
da Boa Vista. Nos meses de verão, saíamos para um arrabalde
mais afastado do bulício da Cidade, quase sempre Monteiro ou
Caxangá. Para a delícia dos banhos de rio no Capiberibe. Em
Caxangá, no chamado Sertãozinho, a casa de meu avô era a
última à esquerda. Ali acabava a estrada e começava o mato,
com os seus sabiás, as suas cobras e os seus tatus. Atrás de
casa, na funda ribanceira, corria o rio, à cuja beira se especava
o banheiro de palha. Uma manhã, acordei ouvindo falar de
cheia. Talvez tivéssemos que voltar para o Recife, as águas
tinham subido muito durante a noite, o banheiro tinha sido
levado. Corri para a beira do rio. Fiquei siderado diante da
violência fluvial barrenta. Puseram-me de guarda ao monstro,
marcando com toquinhos de pau o progresso das águas no
quintal. Estas subiam incessantemente e em pouco já
ameaçavam a casa. Às primeiras horas da tarde, abandonamos
o Sertãozinho. Enquanto esperávamos o trem na Estação de
Caxangá, fomos dar uma espiada ao rio à entrada da ponte. Foi
aí que vi passar o boi morto. Foi aí que vi uns caboclos em
jangadas amarradas aos pegões da ponte lutarem contra a
força da corrente, procurando salvar o que passava boiando
sobre as águas. Eu não acabava de crer que o riozinho manso
onde eu me banhava sem medo todos os dias se pudesse
converter naquele caudal furioso de águas sujas. No dia
seguinte, soubemos que tínhamos saído a tempo. Caxangá
estava inundada, as águas haviam invadido a igreja ...
(Manuel Bandeira. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro:
Nova Aguilar, 1993, v. único, p. 692)

O par grifado que constitui exemplo de parônimos está em:

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