Simulado Policia Militar do Estado de Sao Paulo - PMESP | Soldado PM 2a Classe | 2019 | Questão 151

Língua Portuguesa / Pontuação


Uma história literária do fanatismo A palavra “fanático” nem sempre foi um insulto ou uma
acusação: até onde se sabe, pode ter começado como uma
espécie de elogio. O termo latino fanaticus vem de fanus –
um altar ou um santuário. Designava o benfeitor de um tem-
plo, ou um indivíduo diretamente inspirado pelos deuses; um
mecenas das artes sacras ou um artista invulgarmente talen-
toso poderiam ser, a sua maneira, fanáticos.
Cícero, no século I a.C., talvez tenha sido o primeiro a
usar a palavra de forma pejorativa – numa de suas orações,
o termo vira sinônimo de supersticioso.
Centenas de anos depois, Voltaire chegou a uma defi-
nição mais próxima daquela que usamos hoje. “O fanatismo
é uma doença da mente, que se transmite da mesma for-
ma que a varíola”, escreve no Dicionário Filosófico, de 1764.
“Não se transmite tanto por livros quanto por discursos e reu-
niões. Raramente nos sentimos exaltados quando estamos
lendo sozinhos, com a mente tranquila e sedada.”
Não sei até que ponto concordo com a indulgência ple-
nária que Voltaire concede aos livros: poderíamos encher
uma razoável biblioteca com obras que inspiraram paixões
sangrentas. Mas o iluminista francês parece aproximar-se de
uma verdade atemporal ao apontar a natureza gregária e
contagiosa do fanatismo. Como uma força da natureza, essa
praga mental se propaga pela ânsia exacerbada de unanimi-
dade e pelo horror ao pensamento independente. Um contá-
gio mais propenso a afetar manadas do que eremitas. (José Francisco Botelho. Veja, 25.04.2018. Adaptado)

Na passagem – Não sei até que ponto concordo com a
indulgência plenária que Voltaire concede aos livros: poderíamos encher uma razoável biblioteca com obras que
inspiraram paixões sangrentas. – os dois-pontos introduzem uma sequência contendo

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Fonte: ANALISTA LEGISLATIVO / Câmara de São Joaquim da Barra/SP / 2019 / VUNESP