Simulado Empresa de Pesquisa Energética - EPE | Assistente Administrativo | 2019 pre-edital | Questão 16

Língua Portuguesa / Concordância nominal e verbal


A vida sem celular O inevitável aconteceu: perdi meu celular. Esta-
va no bolso da calça. Voltei do Rio de Janeiro, peguei
um táxi no aeroporto. Deve ter caído no banco e não
percebi. Tentei ligar para o meu próprio número. Deu
caixa postal. Provavelmente eu o desliguei no em-
barque e esqueci de ativá-lo novamente. Meu quarto
parece uma trincheira de guerra de tanto procurá-lo.
Agora me rendo: sou um homem sem celular.
O primeiro sentimento é de pânico. Como vou
falar com meus amigos? Como vão me encontrar?
Estou desconectado do mundo. Nunca botei minha
agenda em um programa de computador, para sim-
plesmente recarregá-la em um novo aparelho. Será
árduo garimpar os números da família, amigos, con-
tatos profissionais. E se alguém me ligar com um as-
sunto importante? A insegurança é total.
Reflito. Podem me achar pelo telefone fixo. Meus
amigos me encontrarão, pois são meus amigos. Eu
os buscarei, é óbvio. Então por que tanto terror?
Há alguns anos - nem tantos assim - ninguém
tinha celular. A implantação demorou por aqui, em re-
lação a outros países. E a vida seguia. Se alguém
precisasse falar comigo, deixava recado. Depois eu
chamava de volta. Se estivesse aguardando um tra-
balho, por exemplo, eu ficava esperto. Ligava pergun-
tando se havia novidades. Muitas coisas demoravam
para acontecer. Mas as pessoas contavam com essa
demora. Não era realmente ruim.
Saía tranquilo, sem o risco de que me encontras-
sem a qualquer momento, por qualquer bobagem.
A maior parte das pessoas vê urgência onde abso-
lutamente não há. Ligam afobadas para fazer uma
pergunta qualquer. Se não chamo de volta, até se
ofendem.
— Eu estava no cinema, depois fui jantar, bater
papo.
— É... Mas podia ter ligado!
Como dizer que podia, mas não queria?
Vejo motoristas de táxi tentando se desvencilhar
de um telefonema.
— Agora não posso falar, estou dirigindo.
— Só mais uma coisinha...
Fico apavorado no banco enquanto ele faz cur-
vas e curvas, uma única mão no volante. Muita gente
não consegue desligar mesmo quando se explica ser
impossível falar. Dá um nervoso!
A maioria dos chefes sente-se no direito de li-
gar para o subordinado a qualquer hora. Noites, fins
de semana, tudo submergiu numa contínua ativida-
de profissional. No relacionamento pessoal ocorre o
mesmo.
— Onde você está? Estou ouvindo uma farra aí
atrás.
— Vendo televisão! É um comercial de cerveja!
Um amigo se recusa a ter celular.
— Fico mais livre.
Às vezes um colega de trabalho reclama:
— Precisava falar com você, mas não te achei.
— Não era para achar mesmo.
Há quem desfrute o melhor. Conheço uma repre-
sentante de vendas que trabalha na praia durante o
verão. Enquanto torra ao sol, compra, vende, nego-
cia. Mas, às vezes, quando está para fechar o negó-
cio mais importante do mês, o aparelho fica fora de
área. Ela quase enlouquece!
Pois é. O celular costuma ficar fora de área nos
momentos mais terríveis. Parece de propósito! Como
em um recente acidente automobilístico que me
aconteceu. Eu estava bem, mas precisava falar com
a seguradora. O carro em uma rua movimentada. E o
celular mudo! Quase pirei! E quando descarrega no
melhor de um papo, ou, pior, no meio da briga, dando
a impressão de que desliguei na cara?
Na minha infância, não tinha nem telefone em
casa. Agora não suporto a ideia de passar um dia
desconectado. É incrível como o mundo moderno cria
necessidades. Viver conectado virou vício. Talvez o
dia a dia fosse mais calmo sem celular. Mas vou cor-
rendo comprar um novo! CARRASCO, Walcyr. A vida sem celular. Veja São
Paulo, São Paulo, n.2107, 08 abr. 2009. Disponível
em: http://vejasp.abril.com.br/revista/ edicao-2107/a-
vida-sem-celular Acesso: 26 dez. 2011. Adaptado.

Na abordagem da concordância verbal, as gramáticas apresentam casos em que o verbo fica invariável, por ser considerado “impessoal”.

O exemplo do texto em que o verbo grifado encontra-se no singular por ser impessoal é:

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Fonte: ASSISTENTE ADMINISTRATIVO / LIQUIGÁS / 2012 / CESGRANRIO