Simulado Empresa de Pesquisa Energética - EPE | Assistente Administrativo | 2019 pre-edital | Questão 71

Língua Portuguesa / Tipologia textual


O sumiço do pen drive Houve época em que a força bruta era poder.
Houve uma época em que a riqueza era poder. Hoje,
informação é poder. Quanto mais somos informados
[...], mais poderosos somos, ao menos teoricamente.
Daí esta avalanche, este tsunami de informações.
A cotação do dólar, a taxa de inflação, o número de
casos de determinada doença, candidatos dos vários
partidos, a escalação de times de futebol – nomes e
números em profusão, que nos chegam por jornais,
revistas, livros, filmes, noticiários de rádio, internet, e
que tratamos de armazenar em nossa mente.
Aí surge o problema: para armazenar a
informação, a natureza nos deu um cérebro, que é a
sede da memória. E nessa memória queremos enfiar
o máximo possível de informações. Diferente da
memória do computador, porém, a nossa é governada
por fatores que nada têm a ver com a informática.
O estado de nossas células cerebrais, as nossas
emoções; tudo isso pode representar uma limitação
para nossa capacidade de lembrar. [...]
Felizmente a tecnologia tem vindo em nosso
auxílio. Primeiro foi o computador propriamente dito,
com sua memória cada vez maior; depois, vieram
os dispositivos de armazenamento, os CDs, os pen
drives. Coisa incrível, o pen drive: um pequeno objeto
no qual cabe uma existência, ou pelo menos uma
importante parte dela. Para quem, como eu, viaja
bastante e tem de trabalhar em aviões ou em hotéis,
é um recurso precioso. [...]
[...] ao chegar ao aeroporto, meti a mão no
bolso para dali retirar o pen drive. Mas não encontrei
pen drive algum. Encontrei um buraco, verdade
que pequeno, mas de tamanho suficiente para dar
passagem (ou para dar a liberdade?) ao pen drive.
Que tinha caído por ali.
Um transtorno, portanto. Perguntei no aeroporto,
entrei em contato com o táxi que me trouxera, liguei
para casa: nada. O pen drive tinha mesmo sumido.
O buraco da camisa era, portanto, um buraco negro,
aqueles orifícios do universo em que toda a energia
é sugada e some. [...] De repente eu me dava conta
de como nossa existência é frágil, de como somos
governados pelo acaso e pelo imprevisto. Nenhuma
queixa contra o pen drive, que veio para ficar; aliás,
meu palpite é que, no dia do Juízo Final, cada um
de nós vai inserir o pen drive de sua vida no Grande
Computador Celestial. Virtudes e pecados serão
instantaneamente cotejados, e o destino final, Céu
ou Inferno, decidido de imediato. Pergunta: o que
acontecerá com aqueles que, por causa de um
buraco na camisa, perderam o pen drive? SCLIAR, Moacyr. O sumiço do pen drive. Zero Hora,
Rio Grande do Sul, 11 maio 2010. Adaptado.

O autor da crônica apresenta seu ponto de vista a partir de situações partilhadas com os leitores.

A marca linguística que revela essas situações comuns ao narrador e aos leitores é o emprego de

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Fonte: ADMINISTRAçãO / CHESF / 2012 / CESGRANRIO