Simulado Ministério Público do Estado da Paraíba - MPPB | Técnico Ministerial - Sem Especialidade | 2019 pre-edital | Questão 505

Português / Emprego de tempos e modos verbais


No dia 9 de janeiro de 1921, um sortido grupo reuniu-se
no salão de festas do badalado restaurante Trianon, no alto da
aprazível avenida Paulista, para um banquete em homenagem
a Menotti Del Picchia, que lançava uma edição do poema
Máscaras.
Situado na área hoje ocupada pelo MASP, o Trianon
era uma espécie de restaurante-pavilhão, com salão de chá e
de festas. Inaugurado em 1916, tornara-se um dos centros da
vida social paulistana, com seus bailes, concertos, aniversários,
casamentos e banquetes.
Naquele domingo de verão, ilustres integrantes do
mundo cultural e político foram prestigiar o escritor e redator po-
lítico do Correio Paulistano, homem de amplo arco de amiza-
des.
Mário de Andrade, que estava presente, escreveu so-
bre a festa na edição da Ilustração Brasileira. Impressionou-se
com a diversidade dos convidados, um séquito de homens das
finanças, poetas e escritores da velha e da jovem guarda.
Figurões revezaram-se na tribuna, até chegar a vez de
Oswald de Andrade, que faria soar, nas palavras de Mário de
Andrade, “o clarim dos futuristas” − aquela gente “do domínio da
patologia”, como gostavam de escrever “certos críticos passa-
distas, num afanoso rancor pelas auroras”.
O tribuno foi logo avisando que não gostaria de con-
fundir sua voz com o cantochão dos conservadores. Juntava-
se à louvação a Menotti, mas “numa tecla de sonoridade dife-
rente”, em nome “de um grupo de orgulhosos cultores da extre-
mada arte de nosso tempo”. Para selar o pertencimento de
Menotti ao clã dos modernos, a máscara de seu rosto, escul-
pida por Victor Brecheret, lhe era ofertada. Disse Oswald: “Exa-
mina a máscara que te trazemos em bronze. Produziu-a de ti a
mão elucidadora de Victor Brecheret que, com Di Cavalcanti e
Anita Malfatti, afirmou que a nossa terra contém uma das mais
fortes, expressivas e orgulhosas gerações de criadores”.
Não poderia faltar ao discurso a exaltação do dinamis-
mo paulista, pano de fundo da inquietação dos novos artistas e
escritores. Num mundo − dizia o orador futurista − em que o
pensamento e a ação se deslocavam da Europa para os “países
descobertos pela súplica das velas europeias”, São Paulo sur-
gia como uma espécie de terra prometida da modernidade.
Com suas chaminés e seus bairros em veloz expansão, a cida-
de agitava as “profundas revoluções criadoras de imortalida-
des”.
E, se a capital bandeirante podia promover aquela fes-
ta e nela ofertar uma “obra-prima” de Brecheret ao homenagea-
do, isso significava que uma etapa do processo de arejamento
das mentalidades já estava vencida.
Na avaliação de Mário da Silva Brito, o que se viu no
Trianon foi o lançamento oficial do movimento modernista em
território hostil − um “ataque de surpresa no campo do adversá-
rio distraído”. Ao que parece, entretanto, a distração do respei-
tável público foi mais funda − a ponto de poucos terem notado
que as palavras ali proferidas representavam um “ataque”.
Oswald foi aplaudido por passadistas, futuristas e demais pre-
sentes. “Todos estavam satisfeitos porque se julgavam incorpo-
rados à ‘meia dúzia’ de que falara o audaz”, ironizou Mário de
Andrade. (Adaptado de GONÇALVES, Marcos Augusto. 1922: A sema-
na que não terminou. São Paulo, Cia. das Letras, 2012,
formato ebook)

...que lançava uma edição do poema Máscaras.


O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o grifado acima está em:

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Fonte: TéCNICO JUDICIáRIO - TECNOLOGIA DA INFORMAçãO / TRT 2ª / 2014 / FCC