Simulado Ministério Público do Estado da Paraíba - MPPB | Técnico Ministerial - Sem Especialidade | 2019 pre-edital | Questão 532

Português / Redação


Escola de bem-te-vis Muita gente já não acredita que existam pássaros, a não
ser em gravuras ou empalhados nos museus − o que é per-
feitamente natural, dado o novo aspecto da terra, que, em lugar
de árvores, produz com mais abundância blocos de cimento ar-
mado. Mas ainda há pássaros, sim. Existem tantos, ao redor da
minha casa, que até agora não tive (nem creio que venha a ter)
tempo de saber seus nomes, conhecer suas cores, entender sua
linguagem. Porque evidentemente os pássaros falam. Há muitos,
muitos anos, no meu primeiro livro de inglês, se lia: “Dizem que o
sultão Mamude entendia a linguagem dos pássaros ...”
Quando ouço um gorjeio nestas mangueiras e cipres-
tes, logo penso no sultão e nessa linguagem que ele entendia.
Fico atenta, mas não consigo traduzir nada. No entanto, bem
sei que os pássaros estão conversando.
O papagaio e a arara, esses aprendem o que lhes en-
sinam, e falam como doutores. E há o bem-te-vi, que fala portu-
guês de nascença, mas infelizmente só diz o próprio nome, de-
certo sem saber que assim se chama. [...]
Os pais e professores desses passarinhos devem ensi-
nar-lhes muitas coisas: a discernir um homem de uma sombra,
as sementes e frutas, os pássaros amigos e inimigos, os ga-
tos − ah! principalmente os gatos ... Mas essa instrução parece
que é toda prática e silenciosa, quase sigilosa: uma espécie de
iniciação. Quanto a ensino oral, parece que é mesmo só:
“Bem-te-vi! Bem-te-vi!”, que uns dizem com voz rouca, outros
com voz suave, e os garotinhos ainda meio hesitantes, sem
fôlego para as três sílabas. (MEIRELES, Cecília. O que se diz e o que se entende. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 1980, p. 95-96)

− ah! principalmente os gatos ... (4º parágrafo)



Explica-se o sentido do segmento transcrito acima como
uma

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