Simulado Polícia Civil de Pernambuco - PC/PE | Agente de Polícia | 2019 pre-edital | Questão 45

Língua Portuguesa / Domínio da estrutura morfossintática do período / Relações de coordenação e subordinação entre orações e entre termos da oração


Do fenômeno que corresponde ao que C. Lévy-Strauss
chama de "as variantes culturais" resulta a ideia de que a
identidade cultural é, ao mesmo tempo, estável e movediça. Ela
pode até evoluir no tempo, mas ela também se reconhece nas
grandes áreas civilizacionais, históricas: é o que os
antropólogos chamam de hipótese do "continuísmo". Não se
diz que o século XVI foi ítalo-ibérico; o XVII e o XVIII,
franceses; o XIX, anglo-germânico, assim como o XX seria
norte-americano? Mas o que isso quer dizer? Trata-se ainda de
uma essência?
O "essencialismo" e "a busca da origem" são duas
ideias falsas. A ideia segundo a qual o indivíduo ou um grupo
humano funda(m) sua existência sobre uma perenidade, sobre
um substrato cultural estável, que seria o mesmo desde a
origem dos tempos, sobre uma "essência", não se sustenta. Se,
no entanto, existe uma identidade coletiva, esta só pode ser a
que está relacionada àquilo que é partilhado, logo, relacionado
à produção de um sentido coletivo.
Trata-se, porém, de uma partilha instável, cujas
fronteiras são imprecisas e na qual intervêm influências
múltiplas. É uma ilusão crer que nossa identidade repousa
sobre uma entidade única, homogênea, uma essência que
constituiria nosso substrato do ser: "Não existe identidade
‘natural’ que nos seria imposta pela força das coisas. Não há
senão estratégias identitárias, racionalmente conduzidas por
atores identificáveis. Nós não estamos condenados a
permanecer reféns desses sortilégios" (Bayard, 1996).
Infelizmente, essa ilusão — esse sortilégio — é o que impede
que se atinja a identidade plural dos seres e das comunidades
e, infelizmente, é uma ilusão em nome da qual muitos abusos
são cometidos.
Quanto à "busca de si", eis outra falsa ideia
igualmente perigosa. Estudiosos têm feito pesquisas sobre esse
ponto. O que é a autenticidade de um indivíduo ou de um
grupo? O retorno à condição de feto para o indivíduo, à origem
da espécie para o grupo? A busca pela origem não é sempre
uma fantasia? Vamos nos desvencilhar dessas duas noções e
estabelecer que "ser eu mesmo" é, primeiramente, ver-me
diferente do outro; que, se há uma busca do sujeito, isso é,
antes de mais nada, a busca de não ser o outro. P. Charaudeau. Identidade linguística, identidade cultural: uma relação
paradoxal. In: Lara e Limbert (Orgs.). Discurso e desigualdade social.
São Paulo: Contexto, 2015, p. 17-8 (com adaptações).

Relativamente ao texto Identidade linguística,..., assinale a opção
que apresenta uma oração cujo sujeito é indeterminado.

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Fonte: ANALISTA JUDICIáRIO - TAQUIGRAFIA / TRE/PI / 2016 / CESPE_ME