Simulado Polícia Civil de Pernambuco - PC/PE | Perito Criminal - Área 7 - Sistemas de Informação | 2019 pre-edital | Questão 198

Língua Portuguesa / Domínio dos mecanismos de coesão textual / Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de conectores e de outros elementos de sequenciação textual


Quando meus amigos e colegas viram meu nome na
lista de aprovados no vestibular para Letras, todos me fizeram
a mesma pergunta: "Mas você vai ser professor?" A pergunta,
embora bem-intencionada, não era feita como quem soubesse
que há, na área, muitas ramificações e profissões possíveis
(que eu poderia não ser professor e, sim, pesquisador, revisor,
tradutor), mas, sim, como quem me pergunta se eu iria mesmo
colocar a cabeça dentro da boca de um leão.
De certa forma, é assim que é ser professor no Brasil,
conforme aprendi anos mais tarde, no meu primeiro concurso,
pleiteando uma vaga no município. A prática me ensinou
definitivamente o que era sugerido naquela pergunta dos meus
amigos: o salário não é bom, a rotina é cansativa, as reuniões
pedagógicas são constantes, a necessidade de atualizar-se
é diária e a docência, a relação com os alunos, é impactante.
Isso se dá especialmente quando lidamos com alunos
problemáticos.
Não entrei na faculdade com grandes ilusões, mas
também não estava preparado por ela no meu primeiro dia à
frente de uma sala de aula, com trinta alunos já decididos a me
rejeitar. Tornei-me professor muito depois de receber o
diploma com a habilitação. Acho que posso dizer que fui
lapidado com a prática e que ainda tenho muito pela frente,
pois só faz quatro anos desde aquele primeiro dia.
Porém já tenho as minhas certezas: ser professor
poderia ser muito mais confortável, poderia ser muito menos
estafante, mas vale todos os momentos. E isso aprendi no dia
da minha estreia: já lá conheci a incrível sensação de passar
conhecimento útil para alguém e ver que essas novas
informações foram apreendidas.
Então, sim, eu escolhi ser professor. É mesmo
comparável a colocar a cabeça dentro da boca de um leão ou
a qualquer outra coisa que os outros julgam louca, mas não
fazem ideia da emoção que causa. Escolhi ser professor e
escolho diariamente colocar-me nessa posição desvalorizada,
mal paga, cansativa, mas recompensadora como poucas outras
profissões são capazes de possibilitar. André da Cunha. Mas você vai ser professor? In: Revista Língua
Portuguesa, n.º 39, Escala Educacional, 2012 (com adaptações).

Mantém-se a correção gramatical do texto ao se substituir

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Fonte: ANALISTA DO EXECUTIVO - ADMINISTRAçãO / SEGER/ES / 2013 / CESPE_ME