Simulado Polícia Civil de São Paulo - PCSP | Agente Policial | 2019 pre-edital | Questão 254

Língua Portuguesa / Regência verbal e nominal


Carta pro Daniel Talvez algum dia, nas próximas décadas, você esbarre
nesta crônica, pela internet. Talvez uma tia comente: “lembro
de um texto que o teu pai te escreveu quando você era bebê,
era sobre uma praça, acho, já leu?” Talvez eu mesmo te mos-
tre, na adolescência, vai saber?
Essa crônica é sobre uma praça, sim, sobre uma tarde
que a gente passou na praça, no dia 5 de abril de 2016. Não
é nenhuma história extraordinária a que vou te contar. É uma
história simples, feita de elementos simples como é feita a
maior parte da vida da gente, esses 99% de que a gente
desdenha, sempre esperando por acontecimentos extraordi-
nários. Mas acontecimentos extraordinários são raros, como
a própria palavra “extraordinários” já diz, aí a vida passa e
a gente não aproveitou. Pois hoje você me fez aproveitar a
vida, Daniel, por isso resolvi te escrever, agradecendo.
Eu estava lá em casa, triste de tudo, você cruzou a sala sor-
rindo no colo da Jéssica e me deu uma vontade louca de pas-
sarmos um tempo juntos. Falei: “Queca, dá esse menino aqui, a
gente vai na praça, eu e ele, vamos, Dani? Só os homens?”
As pessoas com quem a gente cruzava abriam sorrisos
pra você e depois pra mim. Nós sorríamos de volta, eu por
orgulho, você por simpatia.
Chegamos na praça. Eu quis te pôr no balanço, mas você
me apontou o túnel de concreto. Te coloquei numa ponta do
túnel, fui andando em direção à outra, sumi de vista por uns
segundos e você deu uma resmungada, achando que eu ia te
abandonar ali, mas então me agachei e apareci do outro lado.
Você achou aquilo hilário – “O cara tava aqui, sumiu e apare-
ceu lá!”–, deu uma gargalhada e veio engatinhando até mim.
Fui te pegar no colo, mas você se esquivou e olhou pra
outra ponta. Entendi a brincadeira, corri até a outra ponta, me
agachei. Você me viu, gargalhou de novo –“Agora o cara tá
do outro lado! Que loucura!”–, foi até lá, me mandou voltar e
nós ficamos perdidos nisso pelo que me pareceram horas: eu
aparecia numa ponta do túnel, você engatinhava até lá, eu
corria pra outra, você vinha de novo.
Quando me dei conta – não vou dizer que meus problemas
tivessem sumido, que a tristeza houvesse passado, mas… –,
eu estava, como diria o poeta, comovido como o diabo.
De noite, deitado na cama, eu me consolaria: esse mun-
do é uma tragédia, mas eu tenho um filho que põe sorrisos
no rosto de quem passa e que, com algumas gargalhadas,
reconforta o meu coração. Enquanto isso, no quarto ao lado,
você estaria se perguntando: “O cara sumia de um lado, apa-
recia do outro, como será que ele faz? É truque? É mágica?”.
Depois dormiríamos, acreditando que tudo iria ficar bem. (Antonio Prata. www.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2016/04/1759346-
-carta-pro-daniel.shtml, 10.04.2016. Adaptado)

Atendendo às regras de regência, a forma verbal
desdenha
em – … É uma história simples, feita de elementos simples como é feita a maior parte da vida da
gente, esses 99% de que a gente desdenha, sempre esperando por acontecimentos extraordinários.
(2o parágrafo) – pode ser substituída, sem que qualquer
outra alteração seja feita nesse trecho, por:

Voltar à pagina de tópicos Próxima

Fonte: PROFESSOR SUBSTITUTO II / Pref. Alumínio/SP / 2016 / VUNESP