Simulado Polícia Civil do Ceará - PCCE | Delegado de Polícia | 2019 pre-edital | Questão 774

Língua Portuguesa / Colocação pronominal


A bruxa nos relógios Vou me concentrar no possível: os afetos, o trabalho, a vida.
Então falo aqui de um tema que me fascina, sobre o qual já tenho
refletido muito.
Quando criança, eu achava que no relógio de parede do so-
brado de uma de minhas avós, aquele que soava horas, meias
horas e quartos de hora que me assustavam nas madrugadas in-
sones em que eu eventualmente dormia lá, morava uma feiticeira
que tricotava freneticamente, com agulhas de metal, tique-taque,
tique-taque, tecendo em longas mantas o tempo de nossa vida.
Nessas reflexões mais uma vez constatei o que todo mundo
sabe: vivemos a idolatria da juventude – e do poder, do dinheiro, da
beleza física e do prazer. Muitos gostariam de ficar para sempre em-
balsamados em seus 20 ou 30 anos. Ou ter, aos 60, “alma jovem”,
o que acho discutível, pois deve ser melhor ter na maturidade ou na
velhice uma alma adequada, o que não significa mofada e áspera.
A maturidade pode ter uma energia muito boa, pensamento
e capacidade de trabalho estão no auge, os afetos mais sólidos, a
capacidade de enfrentar problemas e compadecer-se dos outros
mais refinada. Passada (ou abrandada) a insegurança juvenil, é
possível desafiar conceitos que imperam, limpar o pó desse uni-
forme de prisioneiros, deixar de lado as falas decoradas, a tirania
do que temos de ser ou fazer. Pronunciar a nossa própria alforria:
vai ser livre, vai ser você mesmo, vai tentar ser feliz.
Portas continuam se abrindo: não apenas sobre salas de papelão
pintado, porém sobre caminhos reais. Correndo pela floresta das fa-
talidades, encontramos clareiras de construir. De se renovar, não im-
porta a cifra indicando a nossa idade. E sempre que alguém resolver
não pagar mais o altíssimo tributo da acomodação, mas dar sentido à
sua vida, verá que a bruxa dos relógios não é inteiramente má. E vai
entender que o tempo não só nega e rouba com uma das mãos, mas
também, com a outra, oferece – até mesmo a possibilidade de, ao
envelhecer, alargar ainda mais as varandas da alma. (Lya Luft. Revista Veja, edição 2344, 23.10.2013. Adaptado)

Segundo a norma-padrão da língua portuguesa, o pronome
relativo está corretamente empregado em

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Fonte: ASSISTENTE TéCNICO / EMPLASA / 2014 / VUNESP