Simulado Polícia Civil do Estado do Espírito Santo - PCES | Investigador | 2019 pre-edital | Questão 62

Língua Portuguesa / Reescrita de frases e parágrafos do texto


Texto I
Os medos que o poder transforma em
mercadoria política e comercial
Zygmunt Bauman O medo faz parte da condição humana.
Poderíamosatéconseguireliminarumaporuma
a maioria das ameaças que geram medo (era
justamentepara istoqueservia,segundoFreud,
a civilização como uma organização das coisas
humanas:paralimitarouparaeliminartotalmente
asameaçasdevidasàcasualidadedaNatureza,
àfraquezafísicaeàinimizadedopróximo):mas,
pelo menos até agora, as nossas capacidades
estão bem longe de apagar a “mãe de todos
os medos”, o “medo dos medos”, aquele medo
ancestral que decorre da consciência da nossa
mortalidade e da impossibilidade de fugir da
morte.
Emborahojevivamosimersosemuma“cultura
domedo”, a nossa consciência de que amorte
é inevitáveléoprincipalmotivopeloqualexiste
acultura,primeira fonteemotordecadae toda
cultura. Pode-se até conceber a cultura como
esforço constante, perenemente incompleto e,
emprincípio,interminávelparatornarvivíveluma
vidamortal.Oupode-sedarmaisumpasso:éa
nossa consciência de sermortais e, portanto, o
nosso perene medo de morrer que nos tornam
humanosequetornamhumanoonossomodode
ser-no-mundo.
A cultura é o sedimento da tentativa
incessante de tornar possível viver com a
consciência da mortalidade. E se, por puro
acaso,nostornássemosimortais,comoàsvezes
(estupidamente) sonhamos, a cultura pararia de
repente[...].
Foi precisamente a consciência de ter que
morrer, da inevitável brevidade do tempo,
da possibilidade de que os projetos fiquem
incompletos que impulsionou os homens a agir
e a imaginação humana a alçar voo. Foi essa
consciência que tornou necessária a criação
cultural e que transformou os seres humanos
em criaturas culturais. Desde o seu início e ao
longo de toda a sua longa história, o motor da
culturafoianecessidadedepreencheroabismo
que separa o transitório do eterno, o finito do
infinito, a vidamortal da imortal; o impulsopara
construir uma ponte para passar de um lado
para outro do precipício; o instinto de permitir
que nós, mortais, tenhamos incidência sobre a
eternidade, deixando nela um sinal imortal da
nossapassagem,emborafugaz.
Tudo isso,naturalmente,nãosignificaqueas
fontesdomedo,olugarqueeleocupanaexistência
eopontofocaldasreaçõesqueeleevocasejam
imutáveis.Aocontrário,todotipodesociedadee
todaépocahistóricatêmosseusprópriosmedos,
específicosdesse tempoedessasociedade.Se
é incauto divertir-se com a possibilidade de um
mundo alternativo “sem medo”, em vez disso,
descrever com precisão os traços distintivos do
medo na nossa época e na nossa sociedade é
condiçãoindispensávelparaaclarezadosfinse
paraorealismodaspropostas.[...] (Adaptado de http://www.ihu.unisinos.br/563878-os-medos-que-o
-poder-transforma-em-mercadoria-politica-e-comercial-artigo-de-
zygmunt-bauman-Acessoem26/03/2018)
As questões de 1 a 9 referem-se ao texto
I.

Assinale a alternativa em que o termo “até” apresenta o mesmo valor semântico que recebe na frase “Podese atéconceberaculturacomoesforço constante, perenemente incompleto e, em princípio, interminável para tornar vivívelumavidamortal.Oupode-sedar maisumpasso[...]”.

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Fonte: ANALISTA JUDICIáRIO - OFICIAL DE JUSTIçA AVALIADOR / TRT 1ª / 2018 / AOCP