Simulado Diretoria Geral da Administração Penitenciária - DGAP/GO | Agente de Segurança Prisional | 2019 | Questão 336

Língua Portuguesa / Domínio dos mecanismos de coesão textual / Emprego/correlação de tempos e modos verbais


Texto 1
A cena apresentada pertence ao filme Jeca Tatu, estrelado
pelo ator e diretor brasileiro Mazzaropi. O personagem foi
criado por Monteiro Lobato em sua obra Urupês, que
contém 14 histórias baseadas no trabalhador rural paulista e
simboliza a situação do caipira brasileiro, abandonado pelos
poderes públicos às doenças, ao atraso econômico,
educacional e à indigência política. Texto 2 Prolongamento das campanhas sanitárias, as expedições
científicas do Instituto Oswaldo Cruz, no início do século 20,
permitiram um maior conhecimento das moléstias que
assolavam o País e possibilitaram a ocupação e a integração do
interior brasileiro ao litoral, mais desenvolvido. O Brasil é um
país doente, diziam os pesquisadores de Manguinhos. E
provavam. O retrato sem retoques da miséria, da desnutrição e
das moléstias de nosso povo, apresentado por eles em seus
relatórios, vinha jogar por terra o idealismo romântico de nossos
intelectuais, influenciando o movimento realista que surgia.
Essa influência se fez sentir em maior grau em Monteiro
Lobato. Seu contato com as pesquisas de Manguinhos levaram
o criador de Emília, integrante da célebre turma do Sítio do
Picapau Amarelo, a alterar completamente a concepção de um
de seus famosos personagens, o Jeca Tatu, e engajar-se em
uma campanha pelo saneamento do País: “O Jeca não é assim:
está assim, e podemos mudar sua realidade.”
Esse nome se generalizou no País todo como sinônimo
de caipira, homem do interior muitas vezes acusado de
preguiça, ignorância e acomodação. No prefácio à quarta
edição de Urupês, em 1918, Lobato declarou: “Eu ignorava
que eras assim, meu caro Jeca, por motivo de doenças
tremendas. Está provado que tens no sangue e nas tripas
todo um jardim zoológico da pior espécie. É essa bicharia
cruel que te faz papudo, feio, molenga, inerte.”
Indignado com a situação da saúde no País, lançou-se
em uma vigorosa campanha jornalística em favor do
saneamento. Denunciou, sem medir as palavras, a realidade
nacional, em que, à época, 17 milhões de pessoas sofriam
com ancilostomose, três milhões com Chagas, dez milhões
com malária e outros tantos com bócio, o popular “papo”.
Investiu contra os falsos patriotas que o criticaram por
expor nossa miséria. Associou a questão sanitária à economia do
País. Criticou os bacharéis e políticos, atribuindo-lhes a situação
caótica do Brasil. Censurou o descaso de nossas elites, e é
impressionante a atualidade de algumas de suas críticas.
Denunciou fraudes nos produtos consumidos pela população e
ironizou os poucos recursos concedidos à saúde pública. A
campanha acabou forçando o governo a dar atenção ao
problema, e o código sanitário foi remodelado, transformado
em lei.
Mas Lobato achava necessário mobilizar não apenas as
elites que seus artigos jornalísticos alcançavam. Igualmente
importante seria alertar e educar o povo, principal vítima da
falta de saneamento. Escreveu então Jeca Tatu - a ressurreição,
mais conhecido como Jeca Tatuzinho, que serviu de inspiração
para uma história em quadrinhos divulgada em todo o País por
meio do Almanaque Biotônico Fontoura. Nessa narrativa,
Jeca, considerado preguiçoso, bêbado e idiota por todos,
descobria que sofria de amarelão, nome popular da
ancilostomose. Tratava-se e transformava-se em um
fazendeiro rico. Disponível em: <http://www.invivo.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/
start.htm?infoid=1035&sid=7>. Acesso em: 8 jan. 2018, com adaptações.

Ambos os verbos sublinhados no primeiro parágrafo do texto 2
(linhas 3 e 4) são

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Fonte: ADVOGADO / CFM / 2018 / IADES