Simulado Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal - ADASA | Técnico de Regulação de Serviços Públicos | 2020 | Questão 90

Língua Portuguesa / Domínio da estrutura morfossintática do período / Emprego das classes de palavras


Desde que funciona o novo sistema penal — o
definido pelos grandes códigos dos séculos 18 e 19 —
um processo global levou os juízes a julgar coisa bem
diversa do que crimes: foram levados em suas sentenças a
fazer coisa diferente de julgar; e o poder de julgar foi, em
parte, transferido a instâncias que não são as dos juízes da
infração. A operação penal inteira se carregou de elementos
e personagens extrajurídicos. Pode-se dizer que não há nisso
nada de extraordinário, que é do destino do direito absorver
pouco a pouco elementos que lhe são estranhos. Mas uma
coisa é singular na justiça criminal moderna: se ela se
carrega de tantos elementos extrajurídicos, não é para poder
qualificá-los juridicamente e integrá-los pouco a pouco no
estrito poder de punir; é, ao contrário, para poder fazê-los
funcionar no interior da operação penal como elementos não
jurídicos; é para evitar que essa operação seja pura e
simplesmente uma punição legal; é para escusar o juiz de ser
pura e simplesmente aquele que castiga. A justiça criminal
hoje em dia só funciona e só se justifica por essa perpétua
referência a outra coisa que não é ela mesma, por essa
incessante reinscrição nos sistemas não jurídicos.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão.
RJ: Vozes, 2013, p. 25–26, com adaptações.

Em “Mas uma coisa é singular na justiça criminal moderna:
se ela se carrega de tantos elementos extrajurídicos, não é
para poder qualificá-los juridicamente e integrá-los pouco a
pouco no estrito poder de punir” (linhas de 10 a 14), a
conjunção que inicia o período apresenta ideia que

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Fonte: AGENTE DE SEGURANçA PRISIONAL / SEAP/GO / 2019 / IADES