Simulado Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania de Roraima - SEJUC/RR | Agente Penitenciário | 2020 | Questão 259

Língua Portuguesa / Sintaxe / Relações sintático-semânticas estabelecidas entre orações, períodos ou parágrafos (período simples e período composto por coordenação e subordinação)


Crianças têm uma importante lição a ensinar: o hábito – e a falta de medo – de fazer perguntas Por Marina Martini
Acho que uma das grandes contradições
da nossa vida – e uma grande perda, em
consequência – é o fato de que, quando mais
precisamos aprender, mais temos vergonha
de aprender. Já reparou? Quando somos pré-
adolescentes, adolescentes, ou até mesmo jovens
adultos, passamos por um período da vida em que
reprimimos (a ponto de nos esquecermos dele) um
dos hábitos mais saudáveis e fundamentais que
cultivamos ao longo da infância: o de perguntar.
Crianças, apontamos o dedo para tudo, querendo
saber o que é, para que serve, como funciona.
(...)
Mas algo acontece ali pelos nossos nove,
dez anos de idade. Desenvolvemos algo que
normalmente nos acompanha ao longo da
adolescência e até boa parte do início da vida
adulta: a vergonha de não saber. Morremos de
medo de admitir nossa ignorância a respeito
deste ou daquele assunto – e preferimos sufocar
ou ignorar perguntas que julgamos bobas ou
“burras”. Às vezes, para não nos sentirmos
deixados para trás, somos capazes de fingir que
entendemos alguma coisa que, na verdade, deixou
nossa mente borbulhando de dúvidas; ou que
conhecemos um artista, um filme ou um lugar que
foi citado numa conversa, simplesmente porque
todos os outros participantes parecem conhecer
(bem, talvez eles também estejam fingindo).
(...)
Tenho a sensação de que, para a maioria das
pessoas, esse medo aos poucos vai passando –
perto dos 30 anos, eu percebo que tenho muito
menos vergonha da minha própria ignorância
do que tinha aos 14 ou 21. Mas o problema está
justamente aí: eu provavelmente nunca precisei
tanto da ajuda dos outros, do conhecimento dos
outros, da sabedoria dos outros, quanto dos 10
aos 25 anos de idade. A carência de conhecimento
vai além daquele de que precisamos para ser
aprovados nas séries escolares, no vestibular
ou nas disciplinas da faculdade – o que mais faz
falta é a sabedoria sobre a vida, sobre a carreira,
sobre relacionamentos, sobre o futuro, sobre o
mundo! Quanta ajuda eu poderia ter tido – e quão
mais fácil minha adolescência podia ter sido –
se eu tivesse sido menos tímida e mais humilde
para perguntar? Humilde, sim – porque o que
mais se vê são jovens arrogantes, que sequer se
percebem arrogantes, mas que, do alto de seus
16 ou 17 anos, julgam saber mais que os pais,
os professores, os avós, que, oras, aos 50 ou 70
anos, só podem ter mesmo ideias ultrapassadas
e que não mais se aplicam a esse mundo.
Não podemos ter medo de aprender – seja lá
a faixa etária em que estivermos. Eu quero dizer
“não ter medo” em um sentido bastante amplo:
não apenas não ter medo de dizer “não sei”, “não
conheço”, “não li”, “não assisti”, “nunca ouvi falar”;
não apenas não ter medo de fazer perguntas que
parecem estúpidas à primeira vista ou de pedir
ajuda quando necessário; não apenas não ter
medo de pedir que um professor ou treinador
repita uma informação ou uma série de instruções
– mas também não ter medo de fazer uma análise
sincera de seu conhecimento e sua sabedoria, e
admitir quando houver lacunas a ser preenchidas.
Não ter medo de conversar de verdade com
seu chefe, seu professor (até mesmo com seus
pais – quanta gente só conversa o estritamente
necessário com pai e mãe?): eles são pessoas
como você, e podem ficar felizes em dividir um
pouco do conhecimento que têm.
(...) Adaptado de: https://www.revistaversar.com.br/criancas-e-suas-licoes/. Acesso em: 24 jun. 2019.

Assinale a alternativa que apresenta a
função da locução conjuntiva destacada
no seguinte trecho: “...não apenas não
ter medo de pedir que um professor ou
treinador repita uma informação ou uma
série de instruções – mas também
não
ter medo de fazer uma análise sincera de
seu conhecimento e sua sabedoria...”.

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Fonte: ANALISTA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO / UFFS / 2019 / AOCP