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Língua Portuguesa / Articulação do texto / Pronomes e Expressões Referenciais


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Sérgio Rodrigues

Sobre palavras
Nossa língua escrita e falada numa abordagem
irreverente


02/02/2012
Consultório
‘No aguardo’, isso está certo?
“Parece que virou praga: de dez e-mails de trabalho que
me chegam, sete ou oito terminam dizendo ‘no aguardo
de um retorno’! Ou outra frase parecida com esta, mas
sempre incluindo a palavra ‘aguardo’. Isso está certo?
Que diabo de palavra é esse ‘aguardo’ que não é verbo?
Gostaria de conhecer suas considerações a respeito.”
(Virgílio Mendes Neto)

Virgílio tem razão: uma praga de “no aguardo” anda
infestando nossa língua. Convém tomar cuidado, nem que seja
por educação: antes de entrarmos nos aspectos propriamente
linguísticos da questão, vale refletir por um minuto sobre o que
há de rude numa fórmula de comunicação que poderia ser
traduzida mais ou menos assim: “Estou aqui esperando, vê se
responde logo!”.
(Onde terá ido parar um clichê consagrado da polidez
como “Agradeço antecipadamente sua resposta”? Resposta
possível: foi aposentado compulsoriamente ao lado de outros
bordados verbais do tempo das cartas manuscritas, porque o
meio digital privilegia as mensagens diretas e não tem tempo a
perder com hipocrisias. O que equivale a dizer que, sendo o
meio a mensagem, como ensinou o teórico da comunicação
Marshall McLuhan, a internet é casca-grossa por natureza. Será
mesmo?)
Quanto à questão da existência, bem, o substantivo
“aguardo” existe acima de qualquer dúvida. O dicionário da
Academia das Ciências de Lisboa não o reconhece, mas isso se
explica: estamos diante de um regionalismo brasileiro, um termo
que tem vigência restrita ao território nacional. Desde que foi
dicionarizado pela primeira vez, por Cândido de Figueiredo, em
1899, não faltam lexicógrafos para lhe conferir “foros de cidade”,
como diria Machado de Assis. Trata-se de um vocábulo formado
por derivação regressiva a partir do verbo aguardar. Tal
processo, que já era comum no latim, é o mesmo por meio do
qual, por exemplo, do verbo fabricar se extraiu o substantivo
fábrica.

Considerada a norma culta escrita, há correta substituição de estrutura nominal por pronome em:

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Fonte: ANALISTA LEGISLATIVO - CONSULTORIA LEGISLATIVA - ADMINISTRAçãO E POLíTICAS PúBLICAS / ALEPE / 2014 / FCC