Simulado Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES | Técnico Administrativo | 2019 pre-edital | Questão 91

Língua Portuguesa / Emprego de tempo e modo verbais


É preciso mudar a mentalidade sobre a Amazônia
Trabalho no projeto Saúde e Alegria, que come-
çou com o apoio do BNDES em 1987, e hoje retoma-
mos uma parceria com o Banco na área de sanea-
mento, premiada pela Cepal, em Santiago do Chile.
O tiro que eu daria seria na mudança de mentali-
dade. O Brasil começaria a entender a Amazônia não
como um ônus, mas como um bônus. Vivemos neste
exato momento duas crises. Uma econômica inter-
nacional, outra ambiental. Apesar de serem duas, a
solução para a saída de ambas é uma só: pensar um
novo modelo de desenvolvimento que una a questão
ambiental à econômica. Sobretudo, que traga alegria,
saúde, felicidade, com base não apenas no consumo
desenfreado.
A questão liga a Amazônia ao mundo não ape-
nas pelo aspecto da regulação climática, mas tam-
bém pela motivação na busca de uma solução para
aquelas duas crises. Temos uma oportunidade única
— principalmente por ser o Brasil um país que agrega
a maioria do território amazônico — de construir, a
partir da Amazônia, um modelo de desenvolvimento
“2.0” capaz de oferecer respostas em um sentido in-
verso ao atual. Em lugar de importar um modelo de
desenvolvimento do Sul, construído em outras bases,
deveríamos levar adiante algumas iniciativas que po-
dem ser, até mesmo, replicadas em cidades como
Rio de Janeiro ou São Paulo.
Esse seria o tiro ligado à mudança de mentali-
dade. Às vezes, pensamos na Amazônia como um
problema, como o escândalo do desmatamento. Ra-
ramente chegam às regiões Sul e Sudeste ou a Bra-
sília notícias boas da Amazônia.
O novo modelo de desenvolvimento — se fos-
se reduzido a alguns pilares — incluiria, obviamente,
zerar o desmatamento (já há programas para isso) e
combater a pobreza, entendendo-se que a solução
para o meio ambiente passa, necessariamente, pela
questão social.
Se analisarmos as áreas que mais desmatam
hoje no mundo, constataremos que são áreas com
menor Índice de Desenvolvimento Humano [IDH].
Portanto, há uma necessidade premente de se criar
um ambiente de negócios sustentáveis, com uma
economia ligada ao meio ambiente. O investidor pre-
cisa ter segurança de investir, de gerar emprego com
o mínimo de governança, para que esses negócios
se perpetuem ao longo do tempo.
Destaco outros pontos, como a política de prote-
ção e fiscalização. É preciso sair da cultura do ilega-
lismo e entrar no legalismo. O normal lá é o ilegal. Va-
mos imaginar que sou do Rio Grande do Sul, sou um
cara do bem, quero investir em produção madeireira
na Amazônia. Faço tudo corretamente, plano de ma-
nejo, obtenho as licenças necessárias, pago encar-
gos trabalhistas, etc. Vou enfrentar uma concorrên-
cia desleal, e minha empresa fechará no vermelho.
Como posso concorrer com 99% dos empreendimen-
tos, que são ilegais? Ou volto para o Rio Grande do
Sul ou mudo de lado. Essa é a prática na Amazônia.
E essa prática precisa acabar.
Além da necessidade de governança, de gestão
pública, há a necessidade de políticas que atendam
ao fator amazônico. Às vezes, acho que o Brasil des-
conhece a Amazônia. Lido com políticos municipais,
principalmente nas áreas de saúde e educação. Evi-
dentemente, não podemos trabalhar com a mesma
política de municípios como Campinas ou Santarém,
equivalente ao tamanho da Bélgica. Na Amazônia, há
comunidades que ficam distantes 20 horas de bar-
co e são responsabilidade do gestor municipal. Ima-
ginem um secretário de Saúde tentando cumprir a
Constituição, o direito do cidadão, com o orçamento
limitado, numa situação amazônica, com as distân-
cias amazônicas.
Outro ponto a ser levado em consideração é o
ordenamento territorial. Também destaco os aspec-
tos social e de infraestrutura, as cadeias produtivas,
o crédito, o fomento e a construção de uma nova eco-
nomia sobre REDD (do inglês Reducing Emissions
from Deforestation and Degradation, que significa re-
duzir emissões provenientes de desflorestamento e
degradação) e o pagamento de serviços ambientais.
Em resumo, se começarmos a pensar na Ama-
zônia como uma oportunidade, acho que consegui-
remos efetivar soluções em curto espaço de tempo. SCANNAVINO, Caetano. É preciso mudar a mentalidade sobre
a Amazônia. In: BNDES. Amazônia em debate: oportunidades,
desafi os e soluções. Rio de Janeiro: BNDES, 2010, p. 147-149. Adaptado.

O verbo obter está empregado de acordo com a norma-padrão em:

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Fonte: TéCNICO BANCáRIO / Banco da Amazônia S/A / 2013 / CESGRANRIO